Essas são traduções independentes sem fins lucrativos feitas por fãs. Todos os direitos são reservados às editoras e às suas respectivas propriedades intelectuais. A cópia deve ser destruída após 24 horas caso o leitor não tenha direito de uso cedido pela editora original.
domingo, 21 de dezembro de 2014
Natal
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
Alunos simulando uma rede estruturada
domingo, 1 de junho de 2014
Heroísmo: o que realmente significa?
Sei que por vezes é difícil, mas um trabalhador que pega transporte público e trabalha um mês todo e honra sua família e anda dentro da lei; para mim já é um herói. Assim como uma dona de casa dedicada ou uma mulher que trabalha fora e ainda consegue ser mãe e esposa.
Bem ...não sei se procede..mas para mim faz todo o sentido.
Parabéns a todos os heróis anônimos do dia-a-dia.
domingo, 18 de maio de 2014
A Velhice
O que de bom que vem com a velhice?
sexta-feira, 25 de abril de 2014
Desabafo de um professor
domingo, 13 de abril de 2014
Ajuda: esquema da vida feliz!
domingo, 9 de março de 2014
Merthiolate e a nova geração
Merthiolate
Quando eu era criança, se sujar
fazia bem. Pais e mães deixavam os filhos se divertirem em playgrounds,
quadras esportivas, estacionamentos de condomínios, por entre as araras das
lojas de roupas, no meio do matagal. Aquela era uma época em que era normal ser
criança, e você podia se divertir e ser inocente, cutucar uma abelha para
aprender que doía, subir em árvore para cair e machucar o ombro, andar de
bicicleta sobre pedregulhos e esfolar o rosto. Era aquela época em que
vídeo-games eram caros, e não existia maior diversão do que por chinelos Ryder
em cada lado na rua para fazer golzinho, em pegar as bonecas das meninas e sair
correndo, em levar bronca da mãe por causa da algazarra, de comer pipoca
assistindo a Os Goonies e tirar aquela sonequinha maravilha durante a tarde.
Ah, os bons tempos J
Aquela era uma época em que errar
fazia parte, e lidar com as durezas da vida era bom, formava o caráter. Se você
era o gordinho da turma e sofria bullying, você tinha de aprender a
responder com uma piada mais sagaz e agressiva. Se o seu sorvete caía no chão e
você abria o berreiro, seu pai não ia te comprar outro para você aprender a
tomar conta das coisas. Se você era mordido por um cachorro, você levava
bronca, por ter enfiado a mão onde não devia. É claro que o cachorro vai te
morder, você esperava que ele te desse bom dia?
Mas o Merthiolate tinha aquele
truque maligno no bolso: ele era à base de álcool e acetona. E aquele
treco ardia para caralho. Então, jovenzinho, além de você ter estourado
sua perna tentando descer aquela rampa de skate, você ainda teria de sentir a
sua perna arder demais com o remédio, senão você poderia ter uma infecção
terrível, perder a perna, nunca mais andar. Além de apanhar da sua mãe por não
ter passado o Merthiolate, claro, o que é muito pior.
Dentro daquele vidrinho branco
com a pazinha exótica, vinha uma grave lição de moral para as crianças
brasileiras: fazer arte é divertido; mas se você não fizer direito, vai doer. O
Merthiolate lembrava aos crianços e crianças do Brasil como dói andar de skate
numa rampa de pedregulhos; como dói andar de bicicleta sem joelheiras; como dói
para caralho sair por aí achando que você é invencível, quando você é um reles
saco de carne patético, que não sabe nem amarrar a porra do próprio cadarço. O
Merthiolate era um bruto exercício de humildade, em que você entende, aos
poucos, as duras características da vida, entende que viver dói, e se preparar
para aquele dia em que você será adulto, respeitoso, terá crianças, carro, casa
e contas pra pagar.
Mas o mundo mudou, senhores. Em algum lugar entre o fim do Século 20 e o começo do Século 21, a sociedade ocidental decidiu simplesmente que não curtia responsabilidades. Inventamos a "adolescência", período em que podemos nos comportar como adultos, mas ser tratados como crianças, e não temos responsabilidades. A adolescência foi prolongada “ad eternum”, com marmanjões de 30 anos ainda jogando vídeo-game em casa e dando despesas. As pessoas não querem compromisso, nem dor de cabeça, nem nada. Querem acordar, fazer nada, comer, voltar a fazer nada e dormir de novo.
Não que isso seja ruim, é claro!
Todo mundo quer fazer isso! Todo mundo quer abandonar a faculdade, o emprego,
os filhos e a esposa e passar o resto da vida acordando 10h e engordando na
internet - mas antes ninguém fazia isso, porque tinha caráter suficiente para
honrar suas responsabilidades! Se manter nas suas vidas rotineiras, pagando por
suas crianças, carros, casas e contas! Compromisso, senhores!!
Hoje, o Merthiolate não arde mais. Quando uma criança se esfola, se fode, cai de joelho e abre aquela ferida grotesca, eles colocam um pouco do Novo Merthiolate - que, agora, é à base de clorexidina - que desinfeta sem aquela lição de moral indelével, sem aquela consequência subjetiva: errar dói. Quando você erra, você sente a dor, e você aprende a não errar. Como o Merthiolate não dói mais, perdemos essa importante lição de vida - não há mais erro, queridos leitores. Hoje ninguém aprende com coisas erradas. Somos superprotegidos, podemos fazer qualquer coisa, ser mimadinhos, ser frouxos. Não sentimos mais aquele pânico horripilante antes de passar remédio na ferida, que nos ensinava a ser bravo, ser forte, ser filho do Norte.
Deixamos de ensinar importantes
lições, e nossos filhos não passam por aquela importante fase de formação de
caráter. Ele não apanha dos pais quando dá chilique porque não ganhou um iPhone
5. Ele não é posto de castigo quando vai muito mal em Matemática. Ele não tem a
mesada cortada quando desobedece aos pais. Coitado dele, tem uma infância
difícil. Os pais não têm condições de dar um XBox 360 para ele.
E aí, nossos filhos se acostumam
a ser eternos adolescentes. Ninguém os ensinou que viver é assim mesmo, que
crescer é chato, que tropeçar dói, que cachorros mordem. Quando eles perdem o
primeiro emprego, levam o primeiro fora, não ganham presentes no Natal, não
sabem lidar com o mundo vil e cruel. Ninguém nunca os ensinou que as coisas
funcionam assim mesmo. Ninguém nunca os ensinou que Merthiolate ardia. Para
caralho.
Então, caríssimos leitores, quando estiverem vivendo por aí, neste maluco Século 21, e vocês se esfolarem na vida, lembrem-se do quanto Merthiolate ardia, mas que era preciso passá-lo para conseguir ter uma perna saudável novamente. Lembrem-se de perder o emprego é péssimo, mas agora você está livre para arranjar outros ainda mais legais! Ficar solteiro é uma grande bosta, mas agora você está livre para caçar todas essas cocotinhas por aí (ou os machos à solta, a preferência é sua)! Crescer é duro e injusto, mas você também vai se divertir, e vai se sentir bastante orgulhoso bancando crianças, carro, casa e contas. E ainda poderá ensinar para os seus filhos tudo sobre as maravilhosas coisas da vida - inclusive a matar zumbis no Resident Evil, e xingar o juiz naquele São Paulo x Palmeiras tensíssimo.
E você, criança, que nunca teve
um Merthiolate que ardia para ilustrar a dureza da vida: “deal with it” (lide
com ele, aprenda com ele). A vida é duríssima, mesmo. Você não pediu para
nascer, mas o problema é seu, e terá de se foder pra valer, e lidar com as
coisas. Pare de depender dos seus pais bananões, pare de dar chilique quando
não ganhar seu “espertofone” preferido, pare de reclamar de tudo e não fazer
nada para melhorar. Vá arranjar um emprego, vá ser voluntário, vá lavar a
louça. Vá passar a porra de um álcool nessa sua ferida no joelho. AND MAN.
THE FUCK. UP.
Quem sabe assim as pessoas param de fazer bullying em você. Frouxo.
Nos traz reflexões sobre as nossas novas gerações, seus medos e anseios; forças e fraquezas.
Daft Punk: Daft Bodies - Harder Better Faster Stronger
Boa sorte e sucesso a todos.