As coisas “são” ou “estão sendo”?
Sei, o título é meio sem sentido; mas dentre instantes você, caro
leitor, irá compreender melhor.
O ser humano possui um hábito que por vezes dificulta a vida: ele (e eu
já me incluí nessa parcela da população) crê que o mundo “é”. Quando o correto
deveria saber que o mundo “está sendo”. Por vezes damos muito valor à
estabilidade e ao conforto que ela (a estabilidade) nos dá. Mas a verdade é que
o mundo é dinâmico, e a fluidez e a mutabilidade são as regras. Quando Darwin
falou que a sobrevivência é do mais apto, ele não falou necessariamente do mais
forte; mas sim do mais apto às mudanças, ao meio, às condições que mudam o
tempo todo. Nossa sociedade moderna e tecnológica acaba de passar por um baque
bem forte com a pandemia; onde as relações e os meios de produção foram
afetados. Mas teimamos em continuar no “normal” e nem mais damos tanto valor ao
“novo normal”. Exemplo disso é a rejeição de muitos pelo “home office” e o
ensino à distância; tão acostumados com os modos antigos que não conseguem se
adaptar ao novo. Isso decorre da falta de preparo de gestores, funcionários e
estudantes.
A mutabilidade ocorre também em relações amorosas; casamentos vão e vem,
mesmo contra nossa vontade. Isso também é sentido em várias outras esferas: empresas
fecham, pessoas são demitidas, chegam novos concorrentes, entes queridos
morrem...
Como diz a música:
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais
Nossos ídolos ainda são os mesmos
E as aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer
Que eu “tô” por fora
Ou então que eu “tô” inventando
Mas é você que ama o passado
E que não vê
É você que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem
Isso espelha a resistência tola e vã do ser humano frente à mutabilidade, fluidez e fragilidade da vida; nos apegamos a situações e a pessoas como se fossem estátuas de granito, imutáveis. Nós mesmo mudamos. Embora saibamos disso e repetimos que: "o mesmo homem não toma banho duas vezes no mesmo rio”, teimamos em não aplicar tal valor em nossas vidas. E sofremos com isso; sofremos por não conseguirmos nos adaptar.
Meu pai faleceu quando eu tinha meses e não o conheci. Mas dizem que
ele dizia uma frase que acho muito inteligente: não seja como o carvalho, que é
rígido e quebra com a tempestade; seja como o bambu, que é flexível e dobra com
o vento; resistindo assim à tempestade.
Aprendamos a viver de modo mais fluído, sejamos mais adaptáveis.
Aprendamos a gostar do novo e nos encantar com as novidades. Não sejamos engessados
no passado. O melhor momento da vida é sempre o AGORA!